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Primeira FIV do mundo

A britânica Louise Brown, foi a primeira bebê concebido a partir de fecundação in vitro, no laboratório. Há 41 anos, nascia em Londres o primeiro bebê concebido a partir da fertilização in vitro (FIV) no mundo. O bebê de proveta Louise Brown nasceu de cesárea no dia 25 de julho de 1978, no interior da Inglaterra, pesando aproximadamente 2,5 quilos.

Louise é fruto de uma técnica pioneira, liderada pelos médios Robert Edwards e Patrick Steptoe, mas, hoje, ela se soma às mais de oito milhões de pessoas concebidas em laboratório, segundo a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia. No Brasil, foram feitas cerca de 40 mil fertilizações in vitro em 2018. Gravidez tardia e complicações na fertilidade masculina ou feminina estão entre as indicações para o tratamento. De acordo com os especialistas em reprodução humana, os médicos, há 40 anos, não dispunham da tecnologia que têm hoje.

A FIV consiste em coletar os óvulos femininos e o sêmen masculino para fertilizar o embrião em laboratório (daí o termo in vitro). Para extrair seus óvulos, a mãe de Louise precisou de uma cirurgia (laparoscopia). Hoje, a coleta dos óvulos é feita com aspiração dos folículos por agulha acoplada e guiada por um ultrassom transvaginal. Hoje, os hormônios utilizados são moléculas proteicas sintetizadas por meio do processo de engenharia genética, idênticas aos hormônios responsáveis pela estimulação ovariana fisiológica.

Com a tecnologia e a ciência em favor, muitos médicos possuem aparelho de ultrassom dentro do consultório, o que era impensável há 40 anos. Outro avanço tem relação com as diferentes técnicas de congelamento de óvulos por meio da vitrificação, um procedimento revolucionário por ser simples e facilmente replicável.

A evolução desde Louise Brown foi muito rápida, na avaliação de especialistas. Conseguiram diminuir o tempo de tratamento e torná-lo mais seguro. Os avanços dos recursos de imagem, principalmente com ultrassom, associado às drogas para estimular a ovulação e a evolução dos sistemas de laboratório utilizados para fertilização dos óvulos e cultivo dos embriões tiveram resultados quase imediatos.

Há 31 anos, nasciam muitos trigêmeos frutos de FIV, mas isso foi diminuindo ao longo dos anos. Dados da Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida (RedLara) indicam que 32,3% das gestações originadas de tratamentos são gemelares. Atualmente, o objetivo é diminuir a taxa de gestação múltipla. A redução das taxas de gravidez múltipla se deve ao menor número de embriões transferidos e à possibilidade de preservação dos embriões excedentes para transferências consecutivas nas falhas de tratamento.

Segundo especialistas, as falhas do tratamento acontecem por vários motivos, mas o principal é a qualidade genética dos embriões. A maioria desses embriões, mesmo os que não têm tratamento, é incapaz de resultar em uma gravidez e, quando o fazem, em geral, ela evolui para aborto. O estudo genético dos embriões antes da transferência possibilita não utilizar aqueles que não engravidaram. É feito, portanto, um exame diagnóstico que eventualmente pode contribuir para diminuir a duração do tratamento, reduzindo o número de transferências embrionárias ineficazes.

Hoje, Louise faz campanha para que mais mulheres pelo mundo inteiro tenham acesso às técnicas de fertilização in vitro.

Recordes de ciclos de fertilização:

A Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia também coletou dados de registros nacionais de ciclos assistidos de tecnologia reprodutiva realizada na Europa entre 1997 e 2015.

Segundo a Anvisa, considera-se como ciclo realizado de fertilização in vitro, os procedimentos médicos nos quais a mulher é submetida à produção (estímulo ovariano) e retirada de óvulos para realizar o procedimento.

A Espanha lidera o continente europeu em reprodução assistida, com um recorde de 119.875 ciclos de tratamento; seguido pela Rússia (110.723 ciclos); Alemanha (96,512); e França (93.918). O Reino Unido geralmente realiza cerca de 60.000 tratamentos por ano.

Em comparação, os EUA relatam 263.577 ciclos de tecnologia de reprodução assistida total em 2016, o que resultou em 76.930 nascidos vivos.

Já o Brasil realizou um total de 36.307 ciclos em 2017.

Taxa de sucesso cresce:

Nos países europeus, a taxa de gravidez bem-sucedida por transferência de embriões é de aproximadamente 36% para a injeção de fertilização in vitro e intracitoplasmática, de acordo com o relatório.

As taxas de gravidez giram em torno dos 45 – 55% em pacientes até 35 anos. Entre 36 – 38 anos estas taxas tendem a diminuir para 35% – 40% e acima dos 40 anos as taxas tendem a diminuir mais ainda chegando na casa dos 5 a 15% na melhor das expectativas. Contudo alguns avanços tecnológicos e metodológicos melhoram estas chances para pacientes acima dos 40 anos.

Próximos passos:

É comum nos casos de fertilização in vitro gravidez de múltiplos, já que em alguns casos são inseridos mais de um embrião por tentativa. A comunidade científica avança para que a taxa de sucesso de gravidez nos casos de transferência de um único embrião continuem a aumentar.

De acordo com o relatório da SERH, a taxa de transferências de embriões individuais também continua a aumentar na Europa – de 11% em 1997 para 38% em 2015 . Enquanto a taxa de nascimentos múltiplos diminuiu para 14% a partir de 2015. Os diagnósticos estão cada vez mais precisos, e os laboratórios, que é o carro chefe do tratamento, vem evoluindo a passos largos quanto a metodologias, insumos e equipamentos. Os grandes avanços da atualidade estão nos testes genéticos que permitem que os casais transfiram embriões sem alterações dos números de cromossomos e doenças autossômicas e o time lapse que permite acompanhar o desenvolvimento embrionário em tempo real.

Doação de óvulos:

Nos últimos 40 anos, os tratamentos de doação de óvulos e congelamento de óvulos se tornaram mais difundidos e o congelamento de embriões mais bem sucedido com a introdução da vitrificação, uma tecnologia mais eficiente e segura de congelamento rápido, de acordo com o relatório.

No Brasil, a venda de óvulos é proibida, mas desde 2017 qualquer mulher de até 35 anos pode doar óvulos. A doação é anônima, quem vai receber pode apenas pedir semelhanças como tipo de sangue, cor de pele e cabelo por exemplo.

Documentos são assinados e a doadora precisa saber e concordar com o processo que envolve uso de hormônios para estimular ovulação e depois sedação para a aspiração dos óvulos.

No congelamento de embriões, as células fecundadas podem ser guardadas nas clínicas através da técnica de criopreservação, quando as células são mantidas em temperaturas muito baixas (-196º C) com o uso de nitrogênio líquido.

Estes embriões também podem ser doados para pesquisas científicas ou para outras famílias, desde que com autorização prévia. No Brasil, as taxas de doação para pesquisas com células-tronco embrionárias ainda são muito baixas. Em 2017, apenas 122 embriões foram doados.

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