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Mitos e verdades sobre a amamentação

Pesquisa científica desmistifica a crença de que o leite é fraco se for de adolescente ou em idade materna avançada.

Fatores imunológicos proporcionados pela amamentação são objetos de estudos nos extremos da gestação: da adolescência à idade materna avançada, em comparação com mulheres de faixa etária no meio termo. Dentre as constatações está a de que o leite materno é muito rico, independentemente da idade da mulher. Isso desmistifica a crença de que seja fraco nas idades maternas extremadas, mesmo diante da necessidade de outros estudos sobre a composição desse tipo de leite.

Artigo sobre a pesquisa acaba de ser publicado na revista científica internacional Plos One. A autora do estudo, enfermeira especialista em obstetricia e professora Denise Vasconcelos de Jesus Ferrari, conta que em sua pesquisa buscou várias informações.

O foco principal esteve voltado para a concentração de citocinas no colostro em extremos de idade reprodutiva. O colostro é a primeira secreção láctea, produzida entre o segundo e terceiro dia após o parto, que contém vários componentes, entre os quais as citocinas, geradores de inúmeros benefícios nutricionais e imunológicos para o recém-nascido. O estudo também contemplou características sociodemográficas, gestacionais e perinatais para melhor avaliar possíveis interferências na qualidade do leite materno.

Extremos da gestação – O estudo envolveu três grupos, assim formados: 177 adolescentes, 39 de idade materna avançada, 158 em idades intermediárias e classificadas como grupo controle, que serviu para fazer comparativos. As respectivas faixas etárias são de 10 a 24 anos, acima de 35 anos e de 25 a 34 anos. A adolescência que antes era definida até 19, saltou para os 24 anos.

No lado inicial dos extremos em gestação, a gravidez na adolescência é classificada mundialmente como problema de saúde pública, por causa das repercussões sociais e biológicas, tais como: abandono escolar, isolamento social, instabilidade emocional, maiores taxas de complicações durante o período e união estável precoce. Estas e outras condições podem resultar na restrição do crescimento intrauterino, parto prematuro e recém-nascido com baixo peso.

No lado final dos extremos, a mulher em idade materna avançada pode apresentar aumento de complicações obstétricas como hemorragia no parto, hipertensão induzida pela gestação, diabetes, gestação prolongada e ruptura prematura de membranas com o consequente parto prematuro. Assim como na adolescência, a gravidez tardia tem sido cada vez mais frequente por causa de casamentos tardios; maiores taxas de divórcios e novas uniões; e os avanços da tecnologia da reprodução assistida, entre outros motivos.

Melhor compreensão

O estudo com o artigo publicado na revista científica norte-americana mostra que as variáveis gestacionais, incluindo fatores econômicos e sociais, podem influenciar na composição do leite materno, mas que nem por isso este deixa de ser um alimento muito rico. O estudo também contribui para melhor compreensão sobre o tema em debate mundial sobre a necessidade do aleitamento materno e sem o desmame precoce, para favorecer a qualidade de vida da criança e da mãe.

O aleitamento materno faz parte das estratégias da Organização Mundial de Saúde (OMS) para reduzir a mortalidade infantil, inclusive como estratégia principal. O que evidência a importância da pesquisa com amostras de colostro obtidas por ordenha manual, entre 48 e 72 horas após o parto. As médias de idades das mulheres foram de 20 e 37 anos. As amostras coletadas, no máximo 10 ml por parturiente, foram congeladas a 80 graus negativos. Um estudo complexo, mas que em síntese avaliou a qualidade do leite materno em extremadas idades reprodutivas.

As análises foram realizadas no Laboratório de Imunopatologia da Relação Materno-fetal, no campus da Unesp em Botucatu. Houve também contribuição da pesquisadora científica Erika Kushikawa Saeki, diretora técnica do Núcleo de Ciências Químicas e Bromatológicas do Centro de Laboratório Regional Instituto Adolfo Lutz de Presidente Prudente. Estiveram envolvidos em iniciação científica os estudantes Lucas Lima de Moraes e Letícia de Aguiar Campos, respectivamente dos cursos de Enfermagem e Biomedicina da Unoeste.

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