Laboratório LGBTQIA+ amigável

Infertilidade

Junho: Mês Mundial da Conscientização da Infertilidade.

Em junho, é comemorado o Mês Mundial de Conscientização da Infertilidade. No Brasil, cerca de 8 milhões de pessoas sofrem de infertilidade, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Dra Silvana Chedid, nossa diretora afirma que a investigação da infertilidade deve ser realizada sempre no homem e na mulher. É preciso avaliar as condições reprodutivas de cada parceiro para fazer um diagnóstico preciso das causas da infertilidade e indicar o tratamento mais adequado.

O que é Infertilidade?

O primeiro conceito que devemos ter é que a fertilidade do ser humano é relativamente baixa. Um casal apresenta uma chance de engravidar de cerca de 20% ao mês.

Define-se infertilidade conjugal como a ausência de gravidez após 12 meses de relações sexuais regulares sem uso de método anticoncepcional. Este limite de tempo é importante pois, após 1 ano sem conseguir engravidar, o casal deve procurar assistência médica para uma avaliação adequada.

Obviamente, existem situações nas quais este tempo deve ser menor. Por exemplo, quando a mulher tem 35 anos ou mais deve procurar ajuda após 6 meses de tentativa. Outros exemplos são naqueles casais onde há uma suspeita de alteração inicial, como presença de menstruações irregulares, Síndrome dos Ovários Policísticos, endometriose, infecção pélvica prévia, gestação ectópica anterior, laqueadura tubárea ou vasectomia. A infertilidade não é um problema raro e atinge cerca de que 15% dos casais.

Os profissionais alertam que “praticar atividade física regularmente, ter uma vida sexual saudável com uma frequência de três relações por semana, evitar o uso de certos lubrificantes vaginais (algumas substâncias podem prejudicar a motilidade dos espermatozoides), saber o período fértil da mulher, evitar bebidas alcoólicas em excesso e não fumar são algumas das recomendações para otimizar a fertilidade e aumentar as chances de uma gravidez natural”.

Outro ponto levantado pelos médicos é a questão do peso: “A obesidade pode causar alterações hormonais que prejudicam a ovulação e a produção de espermatozoides, além disso, pode ser um fator de risco para o abortamento e para o parto pré-maturo e outras complicações durante uma gravidez”. Na mulher, a magreza excessiva também pode comprometer a fertilidade, pois afeta a produção de estrogênio. “Manter-se no peso adequado é o ideal para a saúde reprodutiva”.

Fatores de risco:

Baseada nos principais fatores da infertilidade, a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva estabeleceu quatro cuidados principais:

* Idade: não deixar para engravidar tarde;
* Doenças sexualmente transmissíveis: prevenir e tratar rapidamente;
* Peso: evitar baixo peso ou obesidade;
* Tabagismo: para de fumar, pois o cigarro reduz a fertilidade.

A infertilidade não é um problema do casal. Os dados são claros: em 30% dos casais, o problema é encontrado no homem e, em 20%, o problema está tanto no homem quanto na mulher. Assim, podemos dizer que em 50% dos casais inférteis, o homem está envolvido na causa da infertilidade. As principais causas de infertilidade feminina são disfunções na ovulação (fator ovulatório), alterações nas tubas (fator tubário) e no útero (fator uterino). Outra causa importante de infertilidade é a endometriose, doença cada vez mais frequente em nosso meio.

A idade é a variável isolada mais importante na fertilidade da mulher. O grande problema é que os óvulos, ao contrário dos espermatozóides, não se multiplicam. A reserva de óvulos da mulher se estabelece antes dela nascer, enquanto está na barriga de sua mãe, e só reduz desde então! O problema é que, além da perda na quantidade, há também perda na qualidade dos óvulos, o que leva a uma menor chance de engravidar e a uma maior chance de abortamento. Sabemos que, de maneira geral, há uma maior chance de gravidez antes dos 35 anos e que esta chance se reduz com a idade, com queda importante após os 37 anos. No entanto, isto pode variar bastante de mulher para mulher.

Os procedimentos que especialistas fazem para encontrar uma causa específica de infertilidade incluem a avaliação da ovulação (história menstrual e dosagens de hormônios), o estudo das tubas (histerossalpingografia) e avaliação do útero (ultrassonografia transvaginal). A endometriose é diagnosticada através de exame de sangue (CA-125) e de exames de imagem (ultrassonografia transvaginal especializada e ressonância magnética).

A grande maioria dos problemas não são hereditários, mas existem exceções. Em relação a mulher, existem famílias com Síndrome dos Ovários Policísticos, miomas, endometriose e perda precoce dos óvulos (falência ovariana prematura). Já os homens podem ter alterações genéticas que levam a redução da qualidade do sêmen. Outra situação rara, mas importante, é quando há ausência dos ductos deferentes bilaterais (ductos que transportam os espermatozóides do testículo para o ducto ejaculatório). Este problema está relacionado a mutação do gene da fibrose cística, doença grave que deve ser avaliada.

Houve uma grande melhora dos resultados das técnicas de reprodução humana. A FIV, por exemplo, apresenta uma chance de sucesso de 40%, em média. Apesar de não parecer excelente, ela representa o dobro da chance de um casal sem problemas engravidar. No entanto, muito precisa ser feito para conseguirmos resultados ainda melhores.

Os dois principais fatores que prejudicam o sucesso do tratamento andam lado a lado: a idade da mulher e a quantidade e qualidade dos óvulos. Mulheres com mais de 40 anos de idade, por exemplo, apresentam uma chance consideravelmente menor do que as com menos de 40. Outros fatores importantes são: baixa quantidade e qualidade dos espermatozóides, presença de endometriose grave e associação de múltiplas causas de infertilidade.

As principais causas que encontramos no homem são: varicocele, processos infecciosos, exposição a toxinas, fatores genéticos, alterações hormonais e obstrução dos ductos de transporte. No entanto, boa parte dos homens com alteração no sêmen não tem qualquer motivo identificável que a explique.

Na imensa maioria dos homens, não existe relação entre fertilidade e potência sexual. A produção dos espermatozóides (fertilidade) e da testosterona (potência sexual) é feita por células diferentes no testículo. Assim, o que ocorre com mais frequência é a alteração no sêmen com nível de testosterona normal. Principais fatores que aumentam os riscos de infertilidade masculina, são relacionados à exposição a substâncias tóxicas. Dentre os exemplos mais comuns temos os medicamentos usados em quimioterapia, a radiação ionizante, o calor ou os hormônios exógenos. Além disso, infecções que levam a inflamação dos testículos (orqui-epididimite) também podem estar envolvidos.

Diagnóstico de Infertilidade:

Apesar de parecer complicada, a investigação do casal deve ser objetiva e direcionada às principais causas que levam a infertilidade. Além disso, vale ressaltar: a investigação é sempre do casal, nunca apenas da mulher ou do homem.
Na mulher, os testes básicos que fazemos incluem, a avaliação da ovulação (história menstrual e dosagens de hormônios), o estudo das tubas (histerossalpingografia) e avaliação do útero (ultrassonografia transvaginal). O diagnóstico de endometriose, quando há suspeita, envolve exames de sangue e de imagem (ultrassonografia com preparo intestinal). Apenas quando necessário, podemos lançar mão de testes mais avançados como a ressonância magnética, a laparoscopia, a histeroscopia e a avaliação genética.

No homem, avaliamos a produção de espermatozóides através da análise do sêmen (espermograma). O espermograma avalia o volume do sêmen, o número, a concentração, a movimentação (motilidade) e a forma (morfologia) dos espermatozóides e a presença de inflamação. Quando indicado, solicitamos outros exames como dosagens hormonais, ultrassonografia da região pélvica, biópsia testicular e estudos genéticos do homem, dentre outros.

Relação sexual programada (Coito programado):

A relação sexual programada é indicada para a mulher que tem problemas na ovulação. É o tratamento mais simples em reprodução humana. A primeira etapa é a indução da ovulação, que é feita com medicações tomadas por via oral ou aplicadas por injeções subcutâneas. Neste período, o crescimento dos folículos ovarianos (cada folículo contém um óvulo) é controlado por exames de ultrassom. Quando os folículos atingem um tamanho adequado, aplica-se uma última medicação, que deflagra a ovulação propriamente dita. As relações sexuais são programadas e o teste de gravidez é feito após 14 dias.

A chance de gravidez com este tratamento é em torno de 15% por ciclo (ou tentativa). Apesar de parecer limitado, devemos lembrar que é um tratamento simples e que praticamente iguala a chance de engravidar a um casal infértil a de um casal fértil.

Inseminação intra-uterina:

A inseminação intra-uterina é indicada para o casal em que o homem tem uma alteração leve a moderada do sêmen. Também pode ser usada em casos em que não se encontra o fator da infertilidade (infertilidade sem causa aparente) ou quanda há alterações leves. É um tratamento intermediário em reprodução humana. A indução da ovulação é feita de maneira semelhante a relação sexual programada. No entanto, em vez da relação sexual propriamente dita, faz-se a injeção do sêmen processado dentro do útero da mulher, utilizando-se um catéter delicado. O processamento seminal tem como objetivo separar os espermatozóides com boa motilidade. O teste de gravidez é feito após 14 dias.
A chance de gravidez com este tratamento é em torno de 15 a 20% por ciclo (ou tentativa). Novamente, é semelhante a chance por ciclo de um casal sem alterações.

Medicamentos para Infertilidade:

Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.

Esse post foi útil?

Clique nas estrelas

Média / 5. Votos:

Seja o primeiro a avaliar este post.

© Todos os direitos reservados - Chedid Grieco.