Combate à resistência antimicrobiana

O que é Resistência antimicrobiana?

A resistência antimicrobiana (RAM) ocorre quando microrganismos (como bactérias, fungos, vírus e parasitas) são expostos a medicamentos antimicrobianos (como antibióticos, antifúngicos, antivirais, antimaláricos e anti-helmínticos). Os microrganismos lutam pela sobrevivência mutando ou adquirindo genes de defesa de outros microrganismos. À medida que as drogas antimicrobianas ficam mais fortes e seu uso é mais disseminado, a resistência das bactérias aos antibióticos também se torna mais forte e mais disseminada, o que pode levar a bactérias não tratáveis, conhecidas como “superbactérias”.

Como a RAM se espalha?

Muitas pessoas pensam que a RAM é causada principalmente pelo uso excessivo de medicamentos antimicrobianos, mas fatores ambientais podem causar a disseminação da RAM ainda mais do que o uso de antimicrobianos, especialmente em países em desenvolvimento com acesso limitado a água potável, saneamento precário e gestão rudimentar de resíduos. Isso expõe as pessoas a contato frequente e evitável com matéria fecal, que pode hospedar milhões de genes e bactérias resistentes, incluindo superbactérias potencialmente intratáveis. Reservatórios de água poluídos com genes resistentes, bactérias e compostos antimicrobianos de fezes humanas e animais e fabricação de antimicrobianos também são um ambiente ideal para que surjam e se espalhem superbactérias. Portanto, embora o uso de menos medicamentos antimicrobianos – em humanos, animais e plantas – seja essencial para reduzir a resistência, também é vital melhorar a higiene, fornecer água e saneamento mais seguros e melhor tratamento de águas residuais em escala global, ou a resistência pode continuar aumentando, potencialmente criando a próxima pandemia.

Como a Organização Mundial da Saúde (OMS) está respondendo à RAM?

A resposta à RAM foi liderada pelo Plano de Ação Global One Health, desenvolvido pela OMS em colaboração com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Os 5 objetivos do Plano de Ação Global sobre RAM são: 

1. Melhorar a conscientização e a compreensão da comunicação, educação e treinamento em RAM 
2. Fortalecer a base de conhecimento e evidência por meio de vigilância e pesquisa
3. Reduzir a incidência de infecção através de medidas eficazes de saneamento, higiene e prevenção de infecções 
4. Otimizar o uso de medicamentos antimicrobianos na saúde humana e animal
5. Desenvolver o argumento econômico do investimento sustentável que leve em consideração as necessidades de todos os países e aumentar o investimento em novos medicamentos, ferramentas de diagnóstico, vacinas e outras intervenções. 

Como os vários fatores contribuintes da RAM variam muito, a OMS instou os países membros a elaborar seus próprios planos de ação nacionais. Mas a OMS descobriu que as ações de gerenciamento e melhoria de saneamento e de águas residuais continuam sub-representadas nesses planos. Portanto, para incentivar a implementação do saneamento e do gerenciamento de águas residuais para reduzir a propagação da RAM, a OMS divulgou um novo resumo técnico resumindo as evidências e a lógica das ações de saneamento e esgoto nos planos de ação nacionais e política específica do setor para combater a RAM. 

Quais são as novas recomendações? 

O novo resumo técnico da OMS detalha 6 áreas com evidências e ações para melhorar saneamento básico e RAM: 

1. Coordenação e liderança 

Garantir que o saneamento básico seja incluído nas políticas e planos nacionais de RAM, e apoie a implementação de ações multilaterais nos setores de saúde, água, saneamento, animais, plantas e indústrias. 

       2. Famílias e comunidades 

Garantir o acesso universal a serviços de água e saneamento gerenciados com segurança e aumentar o tratamento de águas residuais e lodo e a reutilização segura. 

       3. Instalações de saúde

Garantir o acesso universal ao abastecimento de água e saneamento seguro, práticas de higiene adequadas e gerenciamento de resíduos de serviços de saúde nas unidades de saúde para apoiar a prevenção e controle de infecções. 

4. Produção animal e vegetal Melhorar a higiene e o gerenciamento de águas residuais e lodo na produção de alimentos e, sempre que possível, minimizar o uso de antimicrobianos e outros suplementos químicos nas operações de pecuária, aquicultura e produção vegetal. 
5. Fabricação de antimicrobianos 

Reduzir as liberações de antimicrobianos nas hidrovias a partir da fabricação de antimicrobianos, incentivando a cooperação entre os setores público e privado para aprimorar os esforços para reduzir a poluição em toda a cadeia de suprimentos. 

6. Vigilância e pesquisa 

Aprofundar o conhecimento sobre as causas da contaminação do meio ambiente conscientizando os políticos e as autoridades de saúde sobre a importância de todas as ações de gerenciamento de poluição e saneamento a RAM; fortalecer a vigilância e identificar fontes primárias e transporte de antimicrobianos e genes resistentes a antibióticos em diferentes locais; e revisar as políticas e planos existentes para determinar sua viabilidade e relação custo-benefício para tratar dos riscos prioritários. 

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