Aborto espontâneo
Dra Silvana Chedid, é entrevistada pela repórter Luiza Barufi da rádio BR Mais News, para falar dessa vez sobre “1 em cada 5 mulheres tem aborto espontâneo”
Aborto espontâneo ocorre em 1 a cada 5 mulheres, e acontece até o terceiro mês de gestação. Aproximadamente 1 em cada 5 mulheres sofrem com o aborto espontâneo. Conforme a mulher envelhece, maiores são as chances. Quem explica é a ginecologista Silvana Chedid.
“A mulher já nasce com o número de óvulos que ela vai ter a vida toda, e com o passar dos anos, esses óvulos vão envelhecendo, e o fato deles envelhecerem, faz com que eles tenham alterações cromossômicas, e são essas alterações cromossômicas, que são responsáveis das principais causas dos abortos espontâneos que acontecem nas mulheres”, diz Silvana.
Um dos principais sintomas de um aborto espontâneo é o sangramento vaginal. Que acontece até o terceiro mês de gravidez.
“Se ela apresentar um sangramento nas primeiras semanas, nos primeiros meses de gestação, esse sangramento pode significar uma ameaça de abortamento, e a mulher precisa então imediatamente procurar um médico, para que ele avalie se pode tá acontecendo uma ameaça de aborto. Muitas vezes esse sangramento começa, e dependendo do caso pode ser adequadamente tratado, para evitar que o aborto progrida e que a mulher perca a gestação”, relata Silvana.
A especialista Silvana Chedid lembra que situações do dia a dia não causam aborto espontâneo, e a mulher não deve se sentir culpada.
“Se por exemplo a mulher acha que precisa de um abortamento, porque está com muita tosse ou porque estava fazendo ginástica, e essas situações corriqueiras do dia a dia, não causam de forma alguma à perda da gestação. Para que haja à perda da gestação em função de algum esforço, precisa ser um esforço muito grande, um trauma muito grande, por exemplo relacionado a um acidente de carro, ou à uma agressão física, situações extremas”, completa Silvana
Após a recuperação do aborto espontâneo à mulher pode tentar uma nova gravidez com orientações médicas.
Principais causas do aborto espontâneo
A seguir as causas mais comuns do aborto natural, uma situação que pode ocorrer em qualquer grávida, aproximadamente nos 3 primeiros meses da gravidez:
- Problemas no útero
A formação do útero da mulher é responsável por até 10% dos abortos que ocorrem de forma espontânea e dentro destas alterações, a mais comum é uma situação chamada insuficiência do Istmo-cervical. Outras causas possíveis relacionadas ao útero são quando a mulher possui: útero bicorno, septado, arqueado, deformação no endométrio causada pela presença de pólipos ou miomas que dificultam a implantação do embrião no útero.
Como tratar: Em alguns casos pode ser preciso realizar uma cirurgia para melhorar a anatomia do útero, possibilitando assim, uma gravidez saudável até o nascimento do bebê.
- Alterações hormonais
A falta de progesterona é a causa mais comum de aborto causado por alteração hormonal. Isto pode acontecer quando a mulher grávida usa medicamentos hormonais sem orientação médico durante a gestação
Como tratar: Tomar remédios que regulam a quantidade de progesterona na corrente sanguínea.
- Doenças na tireoide
As alterações da tireoide que podem causar aborto espontâneo são hipertireoidismo, hipotireoidismo e também a presença de anticorpos anti-tireoidianos.
Como tratar: O hipotireoidismo pode ser tratado com o uso de medicamentos como o Propiltiouracil. Os corticoides podem ser úteis para tratar os anticorpos anti-tireoidianos.
- Síndrome dos ovários policísticos
As mulheres que possuem esta síndrome tem dificuldade para ovular e podem não ovular todos os meses e, tem quase 50% de chance de ter um aborto espontâneo
Como tratar: Alguns estudos relatam que tomar metformina durante a gestação pode ser útil para evitar um novo aborto, mas sempre sob indicação do obstetra que está acompanhando a gestação.
- Alterações no cromossomo
Quando os cromossomos do pai e da mãe não ficam bem formados e dão origem a um embrião com alguma alteração cromossômica, o corpo da mulher pode rejeitar este embrião, levando ao aborto espontâneo. Neste caso, o pai e a mãe estão bem de saúde e não encontram nenhuma razão para a perda do bebê, mas esta causa representa 50% dos abortos espontâneos.
Como tratar: Se a mulher tiver mais de 2 abortos espontâneos, o casal deverá fazer exames para tentar identificar a causa desta repetição e fazer também um teste genético para saber mais sobre sua saúde. Neste caso o aconselhamento genético pode ser muito útil.
- Infeções causadas por vírus ou bactérias
Algumas doenças que aumentam o risco de aborto são as doenças sexualmente transmissíveis como clamídia, sífilis, micoplasma e outras doenças como brucelose e gonococos.
Como tratar: Usar os antibióticos receitados pelo médico, após identificar qual a DST que possui e a bactéria envolvida. Saiba como identificar e tratar as DSTs mais comuns.
- Álcool, cigarro e café em excesso
O consumo exagerado de bebidas alcoólicas durante a gestação e a exposição à fumaça do cigarro e o consumo excessivo de alimentos ricos em cafeína como café, chá-preto e coca-cola também estão relacionados ao aumento de casos de aborto espontâneo. A quantidade ideal de cafeína que pode ser consumida na gestação não deve ser maior que 4 xícaras de café expresso por dia.
Como tratar: A solução é simples e consiste em evitar todos estes fatores durante a gestação.
- Doença autoimune
Quando o pai possui alguma doença autoimune existe um maior risco de aborto, mesmo que o casal tenha uma boa saúde e esteja com todos os exames normais. Neste caso o corpo da mulher reage à presença do embrião com um ser estranho, que começa a ser atacado, levando ao aborto.
Como tratar: O tratamento pode ser feito com um tipo de vacina preparada especificamente para cada mulher, contendo partes do sangue do parceiro. Ela recebe estas vacinas 2 ou 3 vezes e faz mais exames para saber se o seu corpo já não reage às células do homem e então fica apta para uma nova tentativa de gravidez.
- Uso de remédios
Tomar remédios sem orientação médica também pode causar aborto, por isso em caso de dores ou desconfortos deve informar o obstetra e não tomar remédios por conta própria, nem chás porque alguns são contraindicados.
Como tratar: Não tomar remédios sem orientação médica, especialmente se está grávida ou tentando engravidar.
- Baixo peso ou obesidade
Quando a mulher está muito abaixo do peso ou muito acima do peso também pode aumentar o risco de aborto porque o corpo pode entender que não está nas melhores condições para o bom desenvolvimento do bebê.
Como tratar: Deve ser acompanhado por um nutricionista para saber como se alimentar corretamente para garantir o bom desenvolvimento fetal.
Qual o tratamento para o aborto
O tratamento varia conforme o tipo de aborto que a mulher sofreu, podendo ser:
Aborto completo
Ocorre quando o feto morre e é completamente eliminado do útero, neste caso não é necessário realizar nenhum tratamento específico. O médico poderá fazer uma ultrassonografia para verificar se o útero está limpo e aconselhar uma consulta com psicólogo quando a mulher encontra-se muito abalada. Quando a mulher já sofreu um aborto espontâneo anteriormente pode ser preciso fazer exames mais específicos para tentar encontrar a causa e evitar que isso aconteça novamente.
Aborto incompleto
Ocorre quando o feto morre mas não é totalmente eliminado do útero, havendo restos fetais ou placentares dentro do útero da mulher, o médico pode indicar o uso de remédios como Cytotec para eliminação completa e a seguir poderá realizar uma curetagem ou aspiração manual ou com vácuo, para remover os restos de tecidos e limpar o útero da mulher, prevenindo infecções.
Quando há sinais de infeção uterina como odor fétido, corrimento vaginal, intensa dor abdominal, batimento cardíaco acelerado e febre, o que normalmente é causado por abortos provocados de forma clandestina, o médico pode prescrever antibióticos em forma de injeção e raspagem uterina. Nos casos mais graves pode ser necessário retirar o útero para salvar a vida a mulher.
Quando engravidar novamente
Após sofrer um aborto a mulher deve receber apoio psicológico profissional, da família e dos amigos para se recuperar emocionalmente do trauma causado pela perda do bebê.
A mulher poderá voltar a tentar engravidar após 3 meses do aborto, esperando que a menstruação volte ao normal, tendo pelo menos 2 ciclos menstruais ou após este período quando se sentir novamente segura para tentar uma nova gravidez.